We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Corrupted Files (Transposition and Representation)

by andredamiao

/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      $7 USD  or more

     

  • Full Digital Discography

    Get all 3 andredamiao releases available on Bandcamp and save 35%.

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality downloads of Corrupted Files (Transposition and Representation), that's what they said, and coils. , and , .

    Purchasable with gift card

      $9.10 USD (35% OFF)

     

1.
Intro 02:26
2.
Thesis 15:29
3.
Material 03:03
4.
Revision 03:10
5.
Antithesis 08:50
6.
Synthesis 10:09

about

Corrupted Files (Transposition and Representation)


Corrupted Files (Transposition and Representation) proposes a subjective reflection on the inability to represent Brazilian indigenous and folkloric cultures through the manipulation of recordings made by foreigners in Brazil during the 1960s and 80s. The discussion refers to issues inherent to pseudo-neutrality technology that hides ideological aspects of dominant cultures.

Audio engineering presents a series of tools for capturing and reproducing through countless devices (from cell phones to binaural microphones) that, in principle, could work in any social and geographical context, with the purpose of creating sound representations with high fidelity. However, technology creates its own demands to which the user must adapt in some way.

Inside electronic devices, software and hardware, everything works effectively for sound production and reproduction. For example, digital audio satisfies the condition of the Nyquist-Shannon sampling theorem, which assumes that in order to digitally reconstruct any sound, it is necessary that the sampling frequency, that is, the amount of data encoded every second, be at least twice the highest frequency present in the original sound, so that it is accurately represented to our ears. Using this technique it is not necessary to record every moment of a sound in time, because what has not been registered is automatically completed by the software. The mathematical logic applied in the development of the devices is extremely objective, and its reproductive power seems to us to cross any geographical, temporal and cultural barrier.


However, listening to music mediated by technology is an essentially subjective experience and it is not just about listening to the sound. The listening process involves imagining who, where, when, how and why that music was produced. In this respect, what the audio technology provides us, the phonogram, is incomplete and depends heavily on our prior knowledge and ability to imagine the context in which the sound excerpt was produced. The listening process involves the projection of values that we imagine about an alterity represented in the sound file. This void, to be filled by the listener, affects both the listener and who is being listened to. How does the one who is recorded imagine being heard? How does this contaminate his own creative process?

This gap between production and reproduction is easily filled when it comes to the dominant culture, as it is well characterized by the Cultural Industry, which provides the imaginary related to each aesthetic aspect. For economically peripheral cultures, the vacuum between production and reproduction ends up reifying these cultural expressions in the form of pejorative stereotypes. The genre of "World Music" (a world from which the dominant culture is apart) is full of "primitives", "barbarians", "savages", "exotic" and so on. These signifiers are ways of classifying and moving away from the real complexity of what is different. This way of looking at marginal cultures was not something created by the Cultural Industry, but a legacy of the colonization period, which reverberates in different ways in contemporary capitalism. This historical process, mediated by industry and technology, violently affects the culture of countries on the periphery of the world economy and weakens folkloric practices unable to enter the molds designed for the devices of audio technologies architectured for other contexts.

In the case of the recordings selected for the present radio play, the gap between listener and author is gigantic and irreparable. Phonograms depict cultures and temporalities that no longer exist the way they did. These communities quickly become more distant each day due to numerous factors, such as the current Brazilian state policy, which vigorously expresses intolerance and inability to understand cultures that live between the borders of the logic of capitalism. This state austerity is showed through practical measures that trigger processes of annihilation of culture, land and people. With each passing day what remains of these recordings are only the objective information extracted by technology, which by itself means very little, and only contemplates the surface of its real meaning. The background noise of phonograms is increasingly prominent and its signal is erased.

The scientific rationality contained in audio technologies is part of a historical project of modernity that aims at a future fueled by an unrestrained doctrine of progress, stamped on the flag of our country, of which not all are included. If the development that led to the creation of these machines has always ignored the existence of these people, why would these devices be able to hear them?

This work was finnanced by Goethe Institut



Arquivos Corrompidos (Transposição e Representação)



Arquivos Corrompidos (Transposição e Representação) propõe uma reflexão subjetiva sobre a incapacidade de representação de culturas indígenas e folclóricas brasileiras através da manipulação de gravações realizadas por estrangeiros no Brasil durante as décadas de 1960 e 80. A discussão remete à questões inerentes à pseudo-neutralidade da tecnologia que oculta aspectos ideológicos de culturas dominantes.
A engenharia de áudio apresenta uma série de ferramentas para captação e reprodução através de incontáveis dispositivos (de celulares a microfones binaurais) que, a princípio, poderiam funcionar em qualquer contexto social e geográfico, com a finalidade de criar representações sonoras com alta fidelidade. Entretando, a tecnologia cria suas próprias demandas às quais aquele que usa deve se adaptar de alguma forma.
Na parte de dentro dos dispositivos eletrônicos, software e hardware, tudo funciona de maneira eficaz para a produção e reprodução sonora. Por exemplo, o áudio digital satisfaz a condição do teorema da amostragem de Nyquist-Shannon, que pressupõe que para reconstruir digitalmente qualquer som, é necessário que a frequência de amostragem, ou seja, a quantidade de dados codificados a cada segundo, seja no mínimo o dobro da maior frequência presente no som original, para que o mesmo seja representado com precisão para nossos ouvidos. Utilizando essa técnica não é necessário gravar todos os momentos de um som no tempo, pois aquilo que não foi registrado é completado automaticamente pelo software. A lógica matemática aplicada no desenvolviemtno dos dispositivo é extremamente objetiva, e seu poder de reprodução nos parece transpor qualquer barreira geográfica, temporal e cultural.
No entanto, escutar música mediada por tecnologia é uma experiência essencialmente subjetiva e não se trata apenas de ouvir o som. O processo de escuta envolve imaginar quem, onde, quando, como e porquê aquela música foi produzida. Sob esse aspecto aquilo que a tecnologia de áudio nos fornece, o fonograma, é incompleto e depende fortemente do nosso conhecimento prévio e capacidade de imaginação do contexto no qual o excerto sonoro foi produzido. O processo de escuta envolve a projeção de valores que imaginamos acerca de uma alteridade representada no arquivo sonoro. Esse vazio, a ser completado pelo ouvinte, afeta tanto quem escuta quanto aquele que é escutado. Como aquele que é gravado se imagina sendo ouvido? Como isso contamina seu próprio processo de criação?
Esse buraco entre produção e reprodução é facilmente preenchido quando se trata da cultura dominante, pois é bem caracterizada pela Indústria Cultural, que provê o imaginário relativo a cada vertente estética. Já para culturas economicamente periféricas o vácuo entre produção e reprodução acaba reificando tais expressões culturais em forma de esteriótipos pejorativos. O gênero da "World Music" (um mundo do qual a cultura dominante está a parte) está repleto de "primitivos", "bárbaros", "selvagens", "exóticos" e etc. Esses significantes são formas de classificar e afastar a real complexidade daquilo que é diferente. Essa forma de enxergar culturas marginais não foi algo criado pela Indústria Cultural, mas uma herança do período colonização, que reverbera de diferentes formas no capitalismo contemporâneo. Esse processo histórico, mediado pela indústria e tecnologia, afeta de maneira violenta a cultura de países da periferia da economia mundial e fragiliza práticas folclóricas incapazes de entrar nos moldes pensados para os dispositivos de tecnologias de áudio arquitetadas para outros contextos.
No caso das gravações selecionadas para a presente peça radiofônica, o vazio entre ouvinte e autor é gigantesco e irreparável. Os fonogramas retratam culturas e temporalidades que já não existem da maneira como existiram. Essas comunidades se tornam, de maneira acelerada, mais distantes a cada dia devido a inúmeros fatores, como a atual a política de estado brasileira, que expressa com vigor intolerância e incapacidade de compreender culturas que vivem entre as fronteiras da lógica do capitalismo. Esta austeridade estatal é aplicada através de medidas que disparam processos de aniquilação da cultura, terra e povo. A cada dia que se passa o que nos resta dessas gravações são apenas as informações objetivas extraídas pela tecnologia, que por si só querem dizer muito pouco, e contemplam apenas a superfície de seu real significado. O ruído de fundo dos fonogramas é cada vez proeminente e seu sinal apagado.
A racionalidade científica contida nas tecnologias de áudio constitui parte de um projeto histórico da modernidade que mira em um futuro alimentado por uma desenfreada doutrina do progresso, estampada na bandeira de nosso país, da qual nem todos estão incluidos. Se o desenvolvimento que propiciou a criação dessas máquinas sempre ignorou a existência dessas pessoas, por quê estes aparelhos seriam capazes de ouvi-las?



Este trabalho oi financiado pelo instituto Goethe.

credits

released August 24, 2023

Rabecas by Nelson da Rabeca and Thomas Rohrer

Composition, Guitars, sound synthesis and desing by André Damião

1 Sample on track Revision was taken from David Toop's Lost Shadows: In Defence Of The Soul (Yanomami Shamanism, Songs, Ritual)

license

all rights reserved

tags

about

andredamiao São Paulo, Brazil

composer and improviser based in São Paulo, Brazil.

andredamiao.hotglue.me

contact / help

Contact andredamiao

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like andredamiao, you may also like: